domingo, 9 de maio de 2010

cenaaberta.com

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Ponto de Vista: Na TV é o público quem manda e ponto

Posted: 08 May 2010 04:00 PM PDT

Faz 10 anos que escrevo sobre televisão para a internet e ainda hoje tento decifrar como funciona a mente dos administradores de uma rede de TV. Tem coisas que nós daqui do outro lado apostamos que vai ser um fiasco retumbante e ainda assim eles levam ao ar, acreditando que irá acontecer o contrário.

E raras vezes erramos.

Tempos Modernos, por exemplo, já não me desceu quando surgiram com o nome Bom Dia Frankstein. Nada contra fazer algo diferente, mas novela é novela e nós queremos n-o-v-e-l-a.

Pode sim existir o diferente, porém tramas como as de Tempos Modernos, Os Mutantes e Bang Bang funcionariam muito mais como série que como telenovela.

Dá pra contar nos dedos quantos folhetins com formato diferente caíram no gosto do povo. Vamp, Que Rei Sou Eu? e algumas outras fizeram diferença, mas, vamos combinar? Além de diferentes, tinham história.

Tá, eu citei Os Mutantes e esse foi sim um fenômeno de audiência em se tratando de Record, mas Tiago Santiago, o autor da saga, não é um bom roteirista. Tanto que sua artimanha é chamar o povão na base da violência gratuita. Fez isso na Record, o canal dos "urubus de primeira", e agora tenta colocar "adrenalina" em Uma Rosa Com Amor.

E é nesse ponto que me aplaudo a atitude da Globo: por pior que seja a audiência de um folhetim, existe sim a interferência do público para tentar uma melhora nos índices, mas jamais com apelação barata e sem sentido, apenas para dizer que foi um sucesso.

Sucesso qualquer um faz, algo realmente bom é para poucos.

* por Endrigo Annyston

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Ponto de Vista – Traços Modernos: a novela que não decolou

Posted: 08 May 2010 03:00 PM PDT

Por Wander Veroni*

Existe uma piada entre os internautas no Twitter chamando a novela "Tempos Modernos" de "Traços Modernos". Mas, o que seria isso? A grosso modo, seria uma novela que até possui audiência considerável, mas ninguém vê. O termo "traço", de acordo com o jargão de medição de audiência na TV aberta é, justamente, aquilo que não dá audiência.

Não me canso de conversar com as pessoas que se dizem "noveleiras" afirmarem que deixam a televisão ligada no volume mais baixo esperando o Jornal Nacional enquanto a novela é exibida. O público que "Caras e Bocas" reuniu para esta faixa com bastante sucesso se sentiu decepcionado – apesar do elenco ter artistas queridos pelo público como Antônio Fagundes, Eliane Giardini, Grazi Massafera, entre outros.

"Tempos Modernos" é uma novela que não mostrou a que veio e não despertou atenção no público. Dificilmente será exibida no "Vale a pena Ver de Novo" ou daqui alguns anos será lembrada por algum personagem que deixou saudade. Nem sempre um sucesso de audiência significa que um programa caiu na boca do povo e gerou comentários. Apesar do primeiro lugar em audiência a novela das sete não decolou: é um verdadeiro fiasco!

Houve (e ainda há) algumas tentativas de salvar "Tempos Modernos": criar novas histórias ou mudar o perfil de alguns personagens. Apesar da reação na audiência, a novela começou errada, sem um argumento sólido que a sustentasse para o público ou que criasse identificação. A história do prédio inteligente não colou! Talvez, o ponto mais fraco da trama e totalmente confuso.

Admiro o Bosco Brasil como roteirista pelos vários trabalhos que ele já fez na dramaturgia – e principalmente pelos colaboradores talentosos que ele reuniu, como Patrícia Moretzsohn, por exemplo; mas colocar no ar "Tempos Modernos" foi um erro, tanto pelo título, como pela história principal que não chama atenção do público.

Ainda, a trama não trouxe nenhuma inovação de linguagem como é de costume no horário das sete da noite. Alguns críticos mais severos falam em desperdício de orçamento e elenco. Li certa vez que o próprio Aguinaldo Silva "desistiu" de supervisionar "Tempos Modernos" pela falta de proposta da novela: jogou a toalha, literalmente. Consciente do erro, a Globo retirou do baú e se propôs a fazer o remake de "TiTiTi", numa tentativa de salvar esta faixa.

O público não é trouxa: dificilmente, uma novela que começa sem argumento terá audiência. Por incrível que pareça, o elenco foi perdoado pelo público, mas o autor da novela não. Como colocar no ar uma novela sem temática? O telespectador pode até não trocar de canal, mas ignora aquilo que não lhe agrada: isso é fato.

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* Perfil: Wander Veroni, 25 anos, é jornalista pós-graduado em Rádio e TV. Trabalha como repórter na Revista Vox Objetiva e é editor responsável do blog Café com Notícias (http://cafecomnoticias.blogspot.com). Twitter: @wanderveroni / @cafecnoticias.


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Ponto de Vista: Novelas - uma mercadoria arriscada

Posted: 08 May 2010 02:00 PM PDT

Você, meu caro telespectador e noveleiro de carteirinha, me responda a uma pergunta: o que acha que é uma telenovela?

Criatividade? Diversão? O momento fugaz de distração depois de um dia cansativo? A história de personagens que você acompanha e quase é capaz de vê-los no mundo real? Pura fantasia?

Sim e outras coisas mais. A história nos mostra que novelas na verdade são mais do que simplesmente ficção. São investimentos financeiros de alto risco e seus autores sofrem as mais diversas pressões do mercado para criar um produto rentável. Sua exibição é mais que um trabalho de criatividade ou consideração a um autor como "dono" de sua obra.

Muito pelo contrário. Em uma trama com números abaixo do esperado, descobrimos o quanto um escritor pode ser apenas um mero subordinado sob ordens de patrões irascíveis. E não falo somente das emissoras. Faz ideia do quanto os telespectadores podem ser enjoados?

No momento há um exemplo bem claro no ar: Tempos Modernos, escrita por Bosco Brasil que vem com a alcunha de maior fiasco do horário dos últimos dez anos segundo a revista Veja. A trama agora passa pelo tormento de dar ao público o que é de seu gosto, descaracterizando suas propostas e mudando seus rumos. A tecnologia, que era um de seus elementos mais importantes perdeu praticamente todo o espaço, personagens se converteram em estereótipos e se perderam em situações estranhas e dramas esquisitos – sem citar aquela de Leal (Antônio Fagundes) não saber ler, difícil de engolir.

Mas Tempos Modernos não é um fenômeno inédito. Várias outras ficaram na memória pelas intervenções desesperadas para salvar seus produtos: O Dono do Mundo (1991) de Gilberto Braga, cuja heroína foi rejeitada esmagadoramente, ou Bang Bang (2005) de Mário Prata, que a história tornou-se uma chanchada no meio do caminho, usando o humor para agradar.

Francamente, entendo que as novelas sejam um produto lucrativo e sendo assim precisa render, mas fico imaginando o que acontece na cabeça de um autor nesse momento, que começa a trabalhar em uma história que na verdade não lhe pertence. O caráter de uma obra aberta é estar disponível para mudanças, mas não para a descaracterização total. Tempos Modernos tinha esse nome devido a um tom de abordagem tecnológica, agora traduz o desalento de Leal (Antônio Fagundes), seu protagonista com a falta de palavra dos dias atuais, tendo como resposta padrão a expressão "Isso são os tempos modernos, seu Leal, tempos modernos..."

É nessas horas que a ficção se despe de sua aura de magia e a telenovela torna-se o produto: um investimento sem espaço para falhas e que se deixa guiar a frieza dos números, sem um pingo de criatividade voluntária, sendo apenas suor.

Trabalhar como autor na novela escrita – porcamente ou não - pelos telespectadores deve ser uma batalha diária contra si mesmo. Um pesadelo.

Esses merecem respeito.
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* Perfil: Emanuelle Najjar - Jornalista, formada pela FATEA em 2008, pesquisadora da área de telenovelas. Editora do Limão em Limonada (limaoemlimonada.com.br)


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