domingo, 17 de abril de 2011

cenaaberta.com

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Enquanto tentam fazer uma revolução no amor um simples cordel encanta!

Posted: 16 Apr 2011 06:11 PM PDT

As duas últimas estreias televisivas no segmento telenovela, cada uma a sua forma, são uma prova de fogo para os canais que a produzem.

De um lado o SBT relatando um período difícil e chocante da história do país tentando chamar a atenção do telespectador através da tortura que serve de fundo para as histórias que o autor Tiago Santiago quer contar em sua segunda experiência no canal.

Do outro a Globo com uma trama que eu diria misturar elementos de Hoje é Dia de Maria e Que Rei Sou Eu? e obviamente não digo aqui que seja um remake, cópia ou algo assim, mas permitem essa comparação. Ou seja, um desafio, o tal do "fazer diferente" pra fugir do "mais do mesmo".

A questão é que quando tentamos cruzar essas duas novelas as diferenças são grotescas. Sabe como?

Cordel Encantado é tão boa que até parece mentira. Disse no Twitter que é como ganhar na Mega Sena. Tipo, durante anos criticamos as telenovelas atuais e, de repente, somos presenteados com algo tão bom.

É uma soma de um texto excelente, fotografia e direção impecáveis onde até em um elenco onde frágeis atores são encontrados ninguém compromete o resultado final.

E exatamente o contrário acontece em Amor e Revolução: o texto é aquele sofrível de sempre de Tiago Santiago somado a um elenco que, combinemos, não passa a bravura necessária aos militares que estão praticando tortura e os que sofrem também não convencem com suas dores. Ou seja, um problema também de direção.

Cabe dizer que não é um mérito global, ou seja, algo perfeito no chamado "conjunto da obra" é algo difícil de encontrar até por ali, mas um acerto como Cordel, uma novela extremamente elogiada pela crítica e que tem feito a alegria dos telespectadores no Twitter, pode sim servir de base para Santiago.

A história que ele optou por escrever é rica em conteúdo, mas precisa ser bem contada.

Que Santa Clara permita que nossos autores se inspirem tanto quando Duca Rachid e Thelma Guedes, o brasileiro sabe fazer, só precisa querer.

Amor e Revolução e Cordel Encantado: a importância de uma história bem contada

Posted: 16 Apr 2011 12:00 PM PDT

Recentemente tivemos grandes estreias na TV aberta: duas novelas que vieram à público carregando em si as maiores expectativas, cada um por seus motivos.  Partindo da emissora líder do mercado, veio Cordel Encantado. Uma fábula, um conto de fadas que provavelmente nenhum dos mais criativos autores de histórias infantis ousaram contar. Da emissora "mais feliz do Brasil" temos Amor e Revolução, que simboliza um momento pontual sobre as discussões referentes ao período de ditadura militar e também um momento de ousadia do SBT por levar alguma coisa a sério em sua programação.

Resultados? Ambos apresentam um bom tema, porém tem resultados completamente diferentes para o telespectador.

Embora parta de uma perspectiva histórica muito promissora, Amor e Revolução parece perdida em meio a problemas estruturais. Esqueça os problemas de fotografia e outros tipos de "porém". Quando texto e direção são bons, certas coisas ficam de lado como se fossem meros detalhes, e as vezes podem até vir ser um toque excêntrico na memória. Só que esse não aparenta ser o caso: o texto de Tiago Santiago é didático ao extremo e tem diálogos muito semelhantes a cartilhas escolares e panfletos e se ela chama a atenção, isso acontece pelos burburinhos ao seu redor, como o abaixo-assinado vindo da Associação Beneficente dos Militares Inativos e Graduados da Aeronáutica (ABMIGAer) requerendo que a novela saia do ar. O motivo alegado é de o folhetim pode colocar a população contra as Forças Armadas. Um pretexto falho e que pode ser associado à censura: um mote em potencial para que o panorama árido mude e Amor e Revolução possa finalmente manter o telespectador atento.

Já Cordel Encantado revelou-se uma obra de arte. Texto ágil e natural, fotografia impecável visto somente em minisséries ou em cinema: tudo isso em uma trama tão delicada que faz o espectador embarcar sem questionar muito a mistura entre reinos fictícios e sertão nordestino. Tudo bem que o telespectador ainda não descobriu a trama de Thelma Guedes e Duca Rachid, sua audiência ainda não é exatamente expressiva, porém representa um oásis em meio a mesmice. Um modo de mostrar que uma novela pode sim ter qualidade.

A lição é de que uma boa história é importante, mas não basta. É preciso que ela seja bem contada: um bom texto é capaz de salvar até mesmo as tramas mais estapafúrdias. A memória do telespectador fisgado tende a ser generosa e indulgente com aquilo que gosta, indo além do considerado lógico ou racional. Estamos falando em fantasia, realidade, brincar de sonhos.

 É preciso saber conduzir esse sonho. Espero que autores e roteiristas possam se dar conta disso.

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* Perfil: Emanuelle Najjar - Jornalista, formada pela FATEA em 2008, pesquisadora da área de telenovelas. Editora do Limão em Limonada (limaoemlimonada.com.br)

Cordel Encantado e Amor e Revolução tem história, mas a diferença é gritante

Posted: 16 Apr 2011 08:00 AM PDT

 *Por Wander Veroni 

Há muito tempo não se via duas novelas fazerem tanto burburinho antes de ser lançada no ar e, principalmente, na semana de estréia. Apesar de Cordel Encantado, da Rede Globo, e Amor e Revolução, do SBT, não serem concorrentes diretas no mesmo horário, as duas novelas, praticamente, estrearam no mesmo período. Ambas as tramas apresentam uma história muito peculiar e, consequentemente, conquistaram a atenção do público, cada uma a sua maneira. Cordel Encantado é um mistura de conto de fadas europeu com o sertão nordestino brasileiro. Já Amor e Revolução pretende recriar historicamente os anos de chumbo da ditadura militar brasileira em meio a uma história de amor entre uma estudante revolucionária e um militar.

Entre o público e a crítica especializada há um consenso: as duas novelas tem história, porém a diferença da qualidade de texto e acabamento final dos capítulos é gritante. Cordel Encantado traz um texto mais seguro e dinâmico, tão natural que o telespectador embarca no conto de fadas onde o rei de Seráfia procura a filha desaparecida no sertão nordestino. Já Amor e Revolução – que tinha tudo para ser um tremendo sucesso, se vê perdida num texto completamente didático onde o autor insiste em colocar uma descrição exagerada na fala dos personagens, sem contar nas inúmeras "aulas de história", sem necessidade, pois o próprio pano de fundo dos acontecimentos por si só já explicariam a temática.


Pena que Tiago Santiago não acordou para as críticas em relação ao seu texto, desde os tempos do remake de A Escrava Isaura, na Record. O autor, agora no SBT, ainda persiste em acreditar que esse excesso de didatismo é estilo, quando na verdade é uma grande falha de roteiro, deixando atores e direção reféns de uma história mal contada. Falta humildade por parte dele de reconhecer a necessidade de um supervisor de texto experiente para salvar os diálogos de Amor e Revolução, pois a novela tem mais uns oito meses pela frente e pode melhorar.

Ainda, em meio a todo esse problema estrutural, Amor e Revolução se vê em meio a uma polêmica. A Associação Beneficente dos Militares Inativos e Graduados da Aeronáutica (ABMIGAer) fez um abaixo assinado requisitando à Procuradoria Regional da República que retire a trama do ar. O motivo alegado é que a novela estaria afrontando a dignidade das Forças Armadas. O documento também acusa o governo federal de ter firmado um acordo com o SBT para o apoio da instauração da Comissão Nacional da Verdade, que pretende esclarecer casos de violação de direitos humanos ocorridos durante a ditadura. Ou seja, polêmica é que não falta para a novela acontecer....só falta melhorar os diálogos que a trama arranca de vez!

Já a Cordel Encantado é o mais novo oásis dos noveleiros de plantão. Apesar da audiência ainda estar estacionada na casa dos 24 pontos de média, o folhetim possui um texto seguro, ágil e que preserva o dinamismo da história, sem enrolação, mas com muita emoção e aventura. A idéia de filmar em 24 quadros nos traz a sensação de ver um filme ou minissérie às 18h, o que por si só já é um diferencial bastante interessante e que combina diretamente com a proposta da história. Difícil encontrar um defeito, quando a novela toda é de se aplaudir de pé – pelo menos nessa primeira semana.

Para minha surpresa, ninguém ali do elenco de Cordel está deixando a desejar. Ninguém. Direção bem afinada e uma história que passa verdade, apesar das autoras Thelma Guedes e Duca Rachid já terem admitido que a proposta de Cordel Encantado é a fantasia, e não a reconstrução histórica. Pena que os telespectadores ainda não descobriram a beleza dessa nova novela das seis da Globo. A qualidade desse roteiro é tão grande que nos deixa orgulhosos de ver algo tão bem feito na TV aberta num horário que sempre foi carente de boas opções. Sim, as novelas ainda não morreram. Nem vão morrer, graças a Deus. O público gosta de uma trama bem feita! Resta agora, por parte dos nossos roteiristas, criatividade para criar boas histórias e – principalmente, bons diálogos. O controle remoto agradece a variedade!

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*Autor: Wander Veroni, 26 anos, é jornalista pós-graduado em Rádio e TV, ambas formações pelo Uni-BH. É autor do blog Café com Notícias (http://cafecomnoticias.blogspot.com). Twitter: @wanderveroni / @cafecnoticias.

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