domingo, 22 de agosto de 2010

cenaaberta.com

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Ponto de Vista: TV Pública não é do público

Posted: 21 Aug 2010 06:00 PM PDT

Por Wander Veroni*

A ideia no papel é bastante interessante. E se funcionasse do jeito que está escrito nos decretos, portarias e afins seria uma maravilha. Mas, infelizmente, a TV Pública no Brasil ainda não é do público ou para o público. Claro, não dá para generalizar. Há iniciativas em alguns Estados e cidades que deram certo e se tornaram referência na gestão e na produção de conteúdo de qualidade.

Em todo caso, o outro lado da moeda, é mais gritante: as emissoras de radiodifusão públicas ficam à mercê da orientação política da atual administração pública, pois o Estado é, geralmente, o principal financiador das produções. Isso é ruim? Não. Ver o Estado produzindo programas e material jornalístico informativo de qualidade para toda a sociedade é um bem que não tem preço.

Mas, o que pesa é  a falta de visão de alguns administradores públicos que ainda não entenderam a função social da comunicação e do jornalismo. Encaram a TV Pública como gasto, e não como investimento. Em São Paulo, o exemplo mais gritante é o da TV Cultura: uma emissora que ganhou vários prêmios e que, por causa da falta de visão de alguns, adotou a postura de ter programas cancelados, terceirizar produções, demissões em massa, dívidas e jornalistas sendo dispensados por falarem a verdade e não maquiarem os fatos.

Agora, mais do que nunca, que estamos em época de eleição, é fundamental resgatar esse passado não tão distante de alguns candidatos e observarmos as ações deles durante os últimos anos. Sem querer fazer qualquer apologia partidária ou política, é importante lembrarmos da iniciativa da TV Brasil que – apesar das críticas ao projeto, tem a missão de unificar e, finalmente, criar uma TV Pública nacional que valorize as produções regionais e a pluralidade do nosso país. Vai dar certo? Só o tempo dirá.

O ideal seria que as emissoras públicas de radiodifusão tivessem uma parte da tonelada de impostos que pagamos – seja uma verba estadual e/ou municipal, destinada para a manutenção e constante investimento que são necessários fazer. Ou ainda, que fosse possível qualquer pessoa física realizar doações para a manutenção dessas emissoras. Assim, o brasileiro pagaria o custo da TV Pública e ela ficaria independente de grupos políticos, partidos ou administradores públicos. Utópico? Talvez. Mas, de todo modo, seria uma alternativa interessante para que a TV pública fosse do público.

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*Autor: Wander Veroni, 25 anos, é jornalista pós-graduado em Rádio e TV, ambas formações pelo Uni-BH. É autor do blog Café com Notícias (http://cafecomnoticias.blogspot.com). Twitter: @wanderveroni / @cafecnoticias.

Os dramas e dilemas da TV pública brasileira

Posted: 21 Aug 2010 07:11 PM PDT

E aí, caro telespectador leitor? Cansado do que é obrigado a assistir por aí?

Bom, há  outras opções que não necessariamente incluem a velha máxima de "desligue a TV e vá ler um livro".

Conhece as emissoras públicas de televisão? Aposto que se esqueceu delas...

As emissoras públicas de TV são as chances do telespectador se ver livre dos embates e guerras por audiência das emissoras privadas. Emissoras públicas não precisam se preocupar em manter formatos consagrados, ou brigar de forma chula e direta, mas em contrapartida seus compromissos são bem maiores.

Qualidade, independência, pluralidade, variedade: quesitos exigidos por todos quando se trata de qualquer canal, e ainda mais evidente em um caso como esses. Responsabilidades ainda maiores.

Sim, agora diga quem desejaria desfrutar da programação delas? Super elogiadas, recomendadas e até mesmo festejadas, mas desprezadas, pelo menos no Brasil.

Nesse rol temos a TV Cultura e a TV Brasil (ok, ambas estão mais pra estatais, mas enfim ignore e apenas raciocine). Nelas temos debates, produções culturais invejáveis, acesso a produções independentes além de filmes e documentários que em circunstâncias comuns só teríamos acesso pela internet ou em circuitos fechados... afinal filmes iranianos não são tão fáceis assim de encontrar.

E claro, as polêmicas não podem ficar de fora, já que ambas tem a credibilidade afetada pela fama de de "chapa branca", de ferramenta política. O candidato a presidência pelo PSDB José Serra declarou recentemente no 8º Congresso Brasileiro de Jornais que "a TV Brasil não foi feita para ter audiência, mas sim para criar empregos na área de jornalismo e servir de instrumento de poder para um partido."

Serra aliás não está longe da polêmica. Há pouco tempo o candidato foi acusado de interferir no quadro de funcionários da TV Cultura devido ao repentino afastamento de Gabriel Priolli da coordenação de jornalismo após sugerir uma pauta sobre problemas nos pedágios das rodovias paulistas.

Para piorar, uma delas está ameaçada. A TV Cultura passa por um período difícil, com ameaça de demissão em massa (o que não seria a redução de 1,8 mil para 400 funcionários?) devido ao que o presidente da Fundação Padre Anchieta, João Sayad, classifica como "inchaço". Isso sem contar a mudança geral em sua programação, onde aparentemente poucos se manterão de pé.

Má gestão, confusão, polêmicas mil.. e pouca gente assistindo. Há boas opções, mas as pessoas não parecem muito dispostas a mudar de canal e ser espectador fiel de seja lá qual for a atração desses canais, pelo menos não os adultos, afinal para a criançada a programação é especial.

Exigir cultura é fácil, mas a maioria encara essa exigência como uma forma prática de parecer cidadão preocupado, sequer fazendo o esforço de apertar um botão diferente no controle remoto.

Enquanto isso - longe das bundas, reality shows e afins - dramas ainda mais intensos que "O Direito de Nascer" acontecem nos bastidores de um espetáculo que ninguém assiste. Triste história, sem previsão de desfecho.

O jeito é torcer por um final feliz, afinal em caso negativo, a prejuízo também é nosso.


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* Perfil: Emanuelle Najjar - Jornalista, formada pela FATEA em 2008, pesquisadora da área de telenovelas. Editora do Limão em Limonada (limaoemlimonada.com.br)

Ponto de Vista: TV Cultura perto do fim?

Posted: 21 Aug 2010 12:36 PM PDT

Desde que me conheço por gente ouço falar que a TV Cultura está em crise. Grande produtora de atrações infantis e vencedora de inúmeros prêmios no segmento, essas crises sempre foram visíveis dentro e fora da TV.

O canal, assim como as demais emissoras comerciais, nunca tem uma grade de programação fixa. Além disso, as mudanças em seu principal telejornal demonstram total falta de personalidade no quesito informação. Também tenta produzir atrações jovens, mas a verdade é que sempre desiste no meio do caminho.

Nem seus produtos mais antigos escapam ilesos: o Metrópole e Vitrine frequentemente tentam novos formatos.

E já que falamos em jornalismo, além da falta de personalidade o fato de o governo ser o mantenedor da Fundação Padre Anchieta não ajuda: nos últimos tempos três grandes profissionais rodaram por tocar na ferida dos governantes do estado.

A questão é: exatamente agora, no momento em que a emissora aparentemente estava encontrando um caminho interessante, quando na verdade parecia um "canal pago" com sinal aberto e tinha realmente opções bacanas,  um novo presidente resolve fazer uma "limpa", rifando programas e profissionais aos montes.

Login, um dos acertos da temporada, será um dos afetados, assim como o Vitrine que pode nem voltar.

Tudo isso vai de encontro com o que sempre afirmo no Cena Aberta: existe um deficit muito grande de profissionais capacitados para gerenciar as redes de TV de nosso país e, mais que isso: onde muita gente manda a baderna é certa.

Vimos o que aconteceu com a TVE, hoje TV Brasil, quando o governo colocou o dedo. Então...

A ideia de transformar a TV Cultura em mera "compradora" de atrações pode ser o que falta para terminar de descaracterizar esse importante canal. E, sendo uma TV pública, cadê o público? Ninguém se manifesta?

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