domingo, 24 de outubro de 2010

cenaaberta.com

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Novidades no jornalismo e a importância da apuração

Posted: 23 Oct 2010 05:00 PM PDT

*Por Wander Veroni 


Novas vinhetas, cenários, identidade visual e, acima de tudo, personalidade editorial. Nessas últimas semanas, vimos novidades interessantes no Jornal da Cultura e na Globo News. Cada uma com as suas particularidades, mas sem deixar de lado um novo fôlego para o jornalismo hardnews. Para o telespectador, a mudança pode ser apenas na estética. Mas, para quem é da área de comunicação, percebe que esse esforço das duas partes mostram querer dar uma opção diferenciada para o público para que ele não fique refém de um único formato.

No Jornal da Cultura, principalmente quando falamos em TV aberta, a nova proposta surpreende, tanto pelo cenário, quanto pelo lado editorial. Apresentado pela jornalista Maria Cristina Poli, o novo noticiário da emissora pública paulista dá um aprofundamento maior as notícias e propõe o debate – ao lado de dois especialistas convidados, daquilo que foi mais importante no dia.

Já na Globo News, a identidade visual se confunde com o editorial. As novas cores e propostas informativas trazem o dinamismo da notícia de última hora, sem deixar de lado programas que fazem um jornalismo mais reflexivo e analítico, propondo ao público estender o debate das notícias e ver que um fato pode ser visto e revisto por vários ângulos, como acontece no programa "Em Pauta" e "Estúdio i".

Mais do que dar uma nova cara para o jornalismo, atualmente vemos poucas emissoras apostando em criar uma identidade e que saia do modelo "matriz" do Jornal Nacional, da TV Globo. E por falar em novo jornalismo, essa semana um fato político envolvendo os presidenciáveis nos desperta o debate sobre as verdades existentes dentro da notícia. Por isso que o trabalho de apuração dos fatos e, principalmente, acompanhar mais de um noticiário, nos permite enxergar quem informa e quem omite.

O episódio da "bolinha de papel" na cabeça do presidenciável José Serra (PSDB) nos faz ver que o jornalista não pode – e nem deve, ficar baseando a notícia em declarações oficiais. Precisa ir além e interpretar. É inegável que Serra foi atingido. Ponto. Isso ninguém contesta. Mas, a dramatização do candidato em torno do ocorrido precisa ser vista de outra forma, pois estamos a uma semana das eleições. Duas emissoras – Record e SBT, mostraram um fato. Enquanto a Globo deu outra dimensão e quase pagou um preço alto por causa disso. Quem não viu, basta clicar aqui (http://www.youtube.com/watch?v=zcLH6lLWi4k), ali (http://www.youtube.com/watch?v=hpgTsgpSPic) e mais aqui (http://www.youtube.com/watch?v=0YPXTukd0WY&feature=related) para tirar as próprias conclusões. Em tempo de renovação visual e editorial no jornalismo eletrônico, uma coisa nunca sai de moda: apuração e análise. O telespectador não é trouxa!
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*Autor: Wander Veroni, 25 anos, é jornalista pós-graduado em Rádio e TV, ambas formações pelo Uni-BH. É autor do blog Café com Notícias (http://cafecomnoticias.blogspot.com). Twitter: @wanderveroni / @cafecnoticias.  

Política se faz com balões d’água, bolinhas de papel e nenhuma reflexão

Posted: 23 Oct 2010 02:00 PM PDT

por Emanuelle Najjar

É, nunca antes na história desse país pareceu tão divertido fazer e acompanhar a política. Isso pelo menos para aqueles que ainda são capazes de rir do absurdo que as coisas estão nesse momento. Dizer que algo é um circo nunca fez tanto sentido.

Em meio a brigas do gênero "jardim de infância", em um período de campanhas sem promessas e de baixaria, a única certeza é de nervosismo, não apenas da parte dos candidatos como também dos eleitores submetidos ao espetáculo, em que a verdade desaparece entre versões e versões tão ditas e repetidas a ponto de serem tomadas como verdade. E bem nesse ponto deveria haver uma peça chave, algo que devesse se concentrar em fatos: o jornalismo.

Ok, é utópico. Estamos beeeem longe disso. O jornalismo também se perde em versões. Que o diga o objeto voador não identificado voando em direção a careca lustrosa do candidato tucano José Serra. Bolinha de papel, bobina de fita adesiva, pedra (acredite, essa eu li) ou míssil iraniano, houveram trocentas versões. Várias emissoras de TV e outros veículos de mídia apresentaram o ocorrido de uma forma diferente. Cada uma dessas versões acirrando novas guerras entre eleitores mais fanáticos – os balões d'água na candidata Dilma que o digam - fazendo com que a maioria das pessoas pense em como seria bom viver como um ermitão nesses tempos.

Não basta acirrar a guerra. Tem de entrar na briga e meter uma bordoada nos adversários, manipular um público tão habilmente como marionetes. Não basta ter uma ideologia: tem que levar essa mesma ideologia até os fatos precisa também convencer os outros a comprar a ideia.

É tão difícil ater-se aos fatos e cumprir o seu papel? O seu verdadeiro papel? O jornalismo não deveria informar, criar reflexão e deixar que seu espectador formule seu próprio pensamento?

É, estamos formulando um outro pensamento, outro tipo de reflexão, as avessas do que seria o digno esperar de um veículo de mídia, seja lá qual for sua marca.

Qual é mesmo o caminho mais curto para as montanhas?


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* Perfil: Emanuelle Najjar - Jornalista, formada pela FATEA em 2008, pesquisadora da área de telenovelas. Editora do Limão em Limonada (limaoemlimonada.com.br)

SBT, a responsabilidade no jornalismo e as eleições

Posted: 23 Oct 2010 11:00 AM PDT

O jornalismo nacional viveu momentos curiosos nos últimos dias.

De um lado uma nova reformulação no Jornal da Cultura, agora mais opinativo e sob o comando de Maria Cristina Poli; do outro a repaginada total da GloboNews que ganhou uma nova identidade visual totalmente elogiável.

Qualquer erro técnico nesse tipo de ocasião, quando se coloca em prática uma mudança, é perdoável. No entanto, tudo correu normalmente;

O problema veio de outro lado: o SBT virou o centro das atenções no noticiário nos últimos dias por algo que não pode acontecer em hipótese alguma: a falta de informação.

O SBT Brasil noticiou que José Serra, candidato a presidência, foi atingido por uma bolinha de papel. Lula e Dilma acharam que poderiam tirar vantagem disso e criticaram o adversário político, dizendo que ele fez drama por nada e inclusive se submeteu a uma tomografia que também teria feito parte da encenação.

Eis que o Jornal Nacional veio com uma matéria completa sobre o assunto, mostrando a imagem do SBT e uma da Folha, que registrou a segunda agressão, onde realmente Serra havia sido atingido por um objeto não identificado e, aí sim, teria se encaminhado a um hospital.

Poderia ter sido uma matéria incompleta do jornalismo do SBT que talvez não fosse notada, mas se, e somente se, não tivesse tanta importância nesse momento, quando estamos as vésperas de eleição que revelará o nome do novo presidente do país.

Dependendo a proporção que esse fato tomar, pode alterar o resultado das urnas. E é claro que não houve a intenção do jornalismo do SBT em ocasionar todo esse bafafá - usado por Dilma e Lula -, poderia ter sido qualquer outra emissora. É que virou um mico e dessa vez não estava relacionado aos apresentadores do jornalístico que ou tiveram que encerrar o jornal as pressas ou não sabiam a atração seguinte, ou seja, apesar de tudo já estão acostumados a ser motivo de chacota desde o "jornal das pernas", enfim...

Mas abre novamente a discussão sobre o que deve ser feito no jornalismo - e aqui falamos de jornalismo sério, não sensacionalismo -: pode-se mudar o cenário, vinheta, logo, mas jamais, jamais, a informação pode ser apresentada incompleta pois arranha a credibilidade de qualquer veículo - e não há imprensa que sobreviva sem essa palavrinha.

De qualquer forma é sempre bom saber que o jornalismo continua sendo importante em nosso país e o centro dos debates.

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