domingo, 30 de outubro de 2011

cenaaberta.com

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O Astro, e a sorte: o que dizer quando tudo conspira a favor?

Posted: 29 Oct 2011 04:00 PM PDT

Embora o título possa parecer tremendamente clichê, provavelmente minhas razões para a escolha são de fácil reconhecimentos. A trama que ontem chegou ao seu fim pareceu ter a simpatia de todas as entidades divinas e preceitos de bons ventos, mesmo sendo uma aposta arriscada.

Sim: embora um remake possa quase sempre carregar a ideia de uma receita mais fácil em busca da tão sonhada audiência, O Astro envolvia apostas cujos maus agouros deveriam ser cogitados: a volta do estilo novelão em uma época onde a verossimilhança pretensamente é tida como mais popular, ou a simples ideia de mexer em um clássico de Janete Clair. E contra dúvidas que pudessem surgir no caminho, foi uma trama com química fluente entre os seus pares, de bom texto e bom elenco, com atores que saíram da chamada "zona de conforto" e se destacaram de forma inesperada, como Humberto Martins, Guilhermina Guinle; com o canastrão nunca antes tão desejado de Rodrigo Lombardi ao viver Herculano Quintanilha, de coadjuvantes que se superaram como Fernanda Rodrigues e Rosamaria Murtinho, e de alguém que se consagrou como diva.

Diva sim, não se trata mais de um exagero. Apenas elas se dão tanta liberdade a ponto se expor independente de tudo e de todos. Este foi o caso da Clô Hayalla de Regina Duarte. Economia? Para que? Clô era teatral, de caras e bocas que fizeram uma atriz veterana e tida como óbvia ser capaz de brilhar em cenas capazes de desmoralizar, já que o tal do dramalhão ou do novelão anda tão em demérito.

A história chegou ao fim, tendo um bom resultado e podendo ter o status de não ser somente uma homenagem ou uma entre tantas experiências que a emissora coloca no ar. Decididamente os astros parecem ter encaminhado todos os desfechos e possibilidades em prol daquilo que se julga bom e bem feito a despeito do lado óbvio e do passional. O que acontecerá diante do resultado? São tantas hipóteses que sequer vale a pena contar, mas espera-se que se faça valer: telespectador pode ser muito mais saudoso e voluntarioso do que se pensa.


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* Perfil: Emanuelle Najjar - Jornalista, formada pela FATEA em 2008, pesquisadora da área de telenovelas. Editora do Limão em Limonada (limaoemlimonada.com.br)

O Astro termina com final óbvio e explorando o lado passional dos personagens

Posted: 29 Oct 2011 12:52 PM PDT

*Por Wander Veroni


Nessa sexta-feira (28) foi ao ar o último capítulo da "novela das 11", O Astro. A trama que foi uma aposta da Rede Globo para frear A Fazenda 4, da Rede Record, se mostrou um verdadeiro sucesso de crítica e de público. O último capítulo em que Clô Hayalla se assume assassina do marido Salamão rendeu a Rede Globo uma média de 26 pontos de audiência com 49% de participação, segundo dados parciais do Ibope na Grande São Paulo. Com menos capítulos do que as outras novelas da grade, O Astro se mostrou mais que um remake: foi uma adaptação autoral que criou personagens que já entraram na história da teledramaturgia brasileira pela segunda vez.

Como telespectador, posso dizer que parei de assistir a novela na terceira ou quarta semana porque o texto – pelo menos para mim, começou a ficar arrastado e óbvio. Voltei a assistir agora, na reta final, para poder entender os desfechos. Quem é fã de um bom dramalhão mexicano, com personagens completamente envolvidos na emoção sentiu isso em O Astro. Creio que a volta do bom dramalhão, focado no núcleo familiar e com personagens destemperados é um bom samba, sem dúvida. E a Globo de uns tempos para cá redescobriu o dramalhão clássico e está o popularizando cada vez mais as suas novelas. Claro, isso não é um demérito do texto e tem muitos telespectadores que preferem essa modalidade porque é mais confortável. Particularmente, não senti nenhuma grande virada na reta final e não fui surpreendido como a Janete Clair gostava tanto de fazer em suas tramas.



Em muitos momentos, o texto de O Astro foi ousado: investiu em cenas de sexo, na sensualidade das personagens que eram motivados pelo ápice do amor e da paixão, além de um texto que sabia brincar com o popular e com o erudito. O que dizer da química de Herculano e Amanda que proporcionaram cenas HOT e que transmitiam uma verdade que ia além da tela? O que falar da simplicidade do segundo casal romântico principal – Márcio Hayalla e Lili, que traziam consigo a magia do amor puro e verdadeiro? Da canalhice e covardia de Samir Hayalla; da Tia Magda que virou a grande bitch da novela; do asco que o Neco provocava no público ao entrar em cena, enfim, esses foram alguns destaques positivos do início ao fim. Aliás, difícil pensar em quem escorregou diante de um elenco principal tão afiado como esse: todos aplaudem!

O Astro sai de cena mostrando o quanto Janete Clair foi uma excelente roteirista e que gostava de quebrar a expectativa do público e dos próprios atores. Por isso, ao voltar a rever essa semana final da novela para entender um pouco mais dos desfechos que Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro estavam propondo me decepcionei pelo texto óbvio da conclusão de algumas cenas. Mesmo sem ler os spoilers, já na tarde de ontem, conseguir sacar que a Clô era assassina de Salomão pelo fato dela ser a personagem mais passional de toda a novela. Os gritos e a forma descabelada de Clô justificariam o crime pelo fato de ela e o filho terem sido vítimas de um marido tirano.

Aquela cena do delegado fazendo a acareação final com os personagens suspeitos em um único cenário me lembrou as tramas de Silvio de Abreu que também adora um clássico "quem matou". A única boa sacada foi ver tanta gente envolvida para matar uma pessoa, sendo que não ficou claro se eles armaram isso em conjunto ou se foi cada um com seu cada qual. Também achei sem nexo o fato de Herculano ter levado tiros de metralhadora no país latino em que ele era o braço direito do Presidente, após um golpe político e, do nada, na cena seguinte, aparecer todo são com a Amanda e filho numa ilha deserta. Deixar algumas coisas no ar eu até respeito, mas é preciso fechar uma história com dignidade e sair do lugar comum do texto óbvio, pois era essa a grande lição do texto de Janete Clair: mostrar que a vida imita a arte, mas que pode surpreender.

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*Autor: Wander Veroni, 26 anos, é jornalista pós-graduado em Rádio e TV e especializado em mídias sociais. É autor do blog Café com Notícias (http://cafecomnoticias.blogspot.com). Twitter: @wanderveroni / @cafecnoticias.

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